Campanha Ceará sem Racismo é finalista do prêmio Innovare 2020

6 de novembro de 2020 - 16:52

        

A Campanha Ceará sem Racismo – Respeite minha história, Respeite minha diversidade é uma das 12 finalistas do Prêmio Innovare 2020, premiação nacional que busca divulgar e difundir práticas que contribuem para o aprimoramento da justiça e cidadania no Brasil. Lançada em novembro do ano passado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), a campanha concorreu com outros 646 projetos de todo o País, e se destacou pelo ineditismo, criatividade e alcance social. O resultado será anunciado no próximo dia 1º de dezembro.

Executada pela Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Igualdade Racial (Ceppir) da SPS, a campanha aciona a memória e o sentimento de pertença através das imagens de heróis do Brasil e do Ceará que contribuíram com a nação simbolizando resistência e representação identitária. O revolucionário Chico da Matilde (Dragão do Mar) e a revolucionária Preta Simoa, mulher negra importante na luta abolicionista do Estado, que teve sua história invisibilizada ao longo dos anos; Cacique Daniel, indígena da etnia Pitaguary que em vida lutou pela garantia dos direitos de seu povo; Mãe Menininha do Gantois, mãe de santo e representação dos povos de terreiro, e Zumbi dos Palmares, líder quilombola de maior influência no país são as personalidades marcadas na Campanha.

Socorro França, titular da SPS, ressalta que o combate ao racismo deve ser todos os dias, no cotidiano. “Essa conquista é resultado do empenho e comprometimento da equipe da Ceppir, que trabalhou incansavelmente, para levar a Campanha Ceará sem Racismo ao maior número de pessoas, convidando a todos para se comprometerem de fato nesta luta pela superação das diversas formas de discriminação racial e desconstrução de narrativas que apregoam a inexistência de negros e indígenas no Ceará. É também uma luta diária de enfrentamento a esse racismo estrutural, que perpassa nosso cotidiano, nossas práticas e precisa ser reconhecido e combatido”, ressalta a secretária.

Desde o início, a campanha percorreu 13 municípios cearenses fazendo formação com gestores, servidores públicos e movimentos sociais de modo a despertar formas de enfrentamento ao racismo estrutural, além de prestar assessoria aos municípios para o fortalecimento e criação de conselhos de igualdade racial. Neste período, foram alcançadas 2.100 pessoas das cidades de Fortaleza, Horizonte, Maracanaú, Aquiraz, Caucaia, Ocara, Palmácia, Jijoca de Jericoacoara, Sobral, Juazeiro do Norte, Pentecoste, Quiterianópolis e Icapuí. Durante a pandemia, através das lives e encontros virtuais foram alcançadas outras 2.987 pessoas de 47 municípios do interior.

                       

Zelma Madeira, coordenadora da Ceppir, destaca que o Ceará tem se firmado como um dos poucos estados do País com material consolidado e regionalizado sobre o racismo. “É com muita honra que nós recebemos essa notícia de que fomos selecionados em meio a tantos outros projetos. Receber esse prêmio significa muito para nós da Ceppir. È reconhecimento ao trabalho que desenvolvemos no Estado em enfrentamento ao racismo, tanto dentro da máquina estatal como na sociedade como um todo, em prol da justiça racial e do reconhecimento étnico”, expõe Zelma, que também lembra que diante de tantas notícias estarrecedoras, estar entre os 12 finalistas de um prêmio sério e com projeção nacional vem como um alento, um novo fôlego para fortalecer a luta antirracista que deve ser de todos nós.

A nossa campanha é motivo de muito orgulho, pois fortalece a luta antirracista ao abrir oportunidade de reconhecimento aqueles que sofrem o racismo, ao tempo em que também dialoga com a sociedade como um todo para que entendam como o racismo estrutural nos afeta”, conclui a coordenadora.

O racismo é crime, existe de forma sistemática no cotidiano e culmina em desvantagens ou privilégios para determinados grupos raciais. Os índices mostram as desigualdades em áreas como educação e mercado de trabalho, pois a taxa de analfabetismo é maior entre os negros (9,1%) do que entre os brancos (3,9%), 64,2% da população desempregada é negra, os casos de feminicídio (61%) deles as vítimas são mulheres negras.