Heloísa Buarque de Holanda e Katia Souto debatem dilemas e perspectivas dos feminismos

26 de novembro de 2020 - 12:45

A programação promovida pela SPS faz parte dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher

“O feminismo chegou a um patamar em que não há como recuar, por mais que ainda existam retrocessos, conseguimos pautar o movimento feminista na mídia e em diversos espaços de disputas de narrativas,” destacou a jornalista, escritora e feminista, Heloísa Buarque de Hollanda, durante sua fala, ontem, no debate promovido pela Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), por meio da Casa da Mulher Brasileira, em seu canal no YouTube (youtube.com/spsceará). A programação fez parte dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.

Heloísa Buarque de Hollanda lembrou de como o feminismo vem se redesenhando a medida que a diversidade implodiu nesta quarta onda do movimento, pautado pelas mulheres negras, periféricas, indígenas, lésbicas, trans e uma massa de jovens mulheres que usam a internet para dar maior visibilidade à causa e têm em seu corpo uma plataforma da mensagem que querem transmitir.

A jornalista deixou o recado: “Nós, mulheres brancas, precisamos nos pensar dentro da luta antirracista e entender que a causa de uma tem que ser a causa de todas e nos pensar dentro dos nossos privilégios, em como abrir espaço para todas as nossas irmãs, que tiveram que se fazer ouvir depois de muita luta de braço para pautar suas causas”, concluiu.

A doutora em Saúde Pública e ex-presidenta da União Brasileira de Mulheres, Katia Souto, que abordou o tema violência e saúde pública, completou: “Precisamos entender que a violência não atinge de forma igual todas as mulheres. Os riscos são diferentes a partir dos recortes. Precisamos pensar em políticas públicas a partir desse contexto e reconhecer que a nossa luta e ousadia enquanto movimento foi o que resultou nestes espaços que hoje acolhem as mulheres com dignidade”, pontua.

Kátia ressaltou que a construção das Casas da Mulher Brasileira foi um divisor de águas, pois representa possibilidade de vida para muitas mulheres, ofertando um suporte humanizado para sair da situação de violência. A doutora em saúde pública também destacou a importância de transformar politicas de governo em políticas de Estado, o que só acontece com participação social.

A coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Daciane Barreto, ressaltou que o Ceará vive um momento histórico com uma secretaria de políticas para mulheres. “Aqui nós temos ido na contramão dos retrocessos, porque conseguimos construir uma política de Estado. Temos uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher muito arrojada e articulada, que além da Casa da Mulher Brasileira, contará, em breve, com três Casas da Mulher Cearense”, frisou.