Resistência à ditadura e memória marcam abertura da Semana de Direitos Humanos

7 de dezembro de 2021 - 19:06

A programação segue até sexta-feira (10), em diversos bairros de Fortaleza

“Os direitos humanos nunca são dados. Eles são conquistados e reconquistados. E nesse momento, essa luta e discussões como essa, que vamos fazer em vários bairros, com roda de conversas, seminários, trazem essa discussão para nos apontar caminhos”. A fala da secretária-executiva de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da SPS, Lia Gomes, marcou a abertura da 5ª Semana de Direitos Humanos do Ceará.

O evento foi realizado na manhã desta terça-feira (7), no auditório da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), com transmissão ao vivo pelo instagram @direitoshumanosce, e contou com participação de representantes de diferentes temáticas de Direitos Humanos no Estado.

A mesa de abertura teve participação da titular da SPS. Socorro França; da secretária-executiva de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Lia Gomes; do deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Ceará, Renato Roseno; da presidenta do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Cris Faustino; da secretária-executiva de Políticas para as Mulheres da SPS, Denise Aguiar; e da coordenadora de Políticas Públicas do Direitos Humanos, da SPS, Bárbara Oliveira.

“É preciso que nós possamos entender as pessoas como elas são, com as suas diversidades. Amá-las, protegê-las e sobretudo entendê-las. Todos nós somos iguais, e para tanto é necessário que nós possamos marchar com essa vontade de fazer com que as coisas aconteçam”, declarou a titular da SPS, Socorro França.

A presidenta do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Cris Faustino destacou a importância e a relevância de nós afirmarmos e reafirmarmos os Direitos Humanos, como prática, ideia, meta, como projeto de sociedade.

“Hoje a gente tem um cenário de desqualificação dos Direitos Humanos, ou de romantização. Como se as nossas metas, as nossas ideias fossem impossíveis de serem alcançadas, quando a gente sabe que a humanidade tem muita potência de transformação e não existe razão para a gente não sonhar e pensar que a gente pode ter um futuro melhor e um presente melhor para todo mundo”, finalizou.

O deputado estadual Renato Roseno falou a partir de “quatro palavras-base”: memória, incompletude, promessa e indignação. “Nós estamos aqui, em especial, para afirmar o direito e a potência da memória. Direitos humanos são a gramática e o ferramental da liberdade. Para dizer que nenhuma forma do exercício do poder racista, patriarcal, heteronormativo pode prevalecer, porque isso faz sofrer”, pontuou.

Agentes da Memória

A cerimônia contou, também, com a Homenagem aos Agentes da Memória, em reconhecimento aos professores Valter Pinheiro, José Machado Bezerra, Joaquim Barbosa de Oliveira e Leonardo Lima Vasconcelos, com o Percurso da Memória e Verdade. O projeto realiza um passeio pedagógico por caminhos e locais de violência, torturas e prisões sofridas por cidadãos cearenses, nos 21 anos da Ditadura Militar no Brasil.

“A grande importância dos percursos urbanos está justamente em levar à juventude a proposta de conhecer melhor a história das lutas que houveram neste País. Então, a grande importância é a preservação da memória. O Percurso tem esse grande mérito: alimentar e sustentar a memória perante a juventude”, pontua o professor e ex-preso político, Valter Pinheiro.

A homenagem foi seguida pela roda de conversa “Perpetuando Memórias”, onde falaram sobre suas trajetórias e o projeto, sob mediação de Lia Gomes.

Palestra Magna

O evento foi concluído com a palestra Mulheres: luta e resistência na ditadura militar, ministrada pela coordenadora da Casa da Mulher Brasileira no Ceará, Daciane Barreto. A coordenadora trouxe um relato do livro Luta, Substantivo Feminino: Mulheres Torturadas, Desaparecidas e Mortas na Resistência à Ditadura, um registro da vida e da morte de 45 mulheres brasileiras que lutaram contra a ditadura militar.

“Essa história, que aconteceu pouco tempo atrás, não pode ser esquecida. E o que nós vemos aqui nesse livro é uma raridade porque na história do Brasil se fala em dez heróis”, relata Daciane. “As mulheres do nosso país, as mulheres do nosso Estado, não só lutaram e enfrentaram a ditadura, como resistiram, há séculos, há milênios”, complementa.

Programação

A programação segue até o dia 10/12, levando atividades com temáticas de gênero, igualdade racial, migração, cidadania e inclusão para diversos bairros de Fortaleza.