Feirart 2025 celebra diversidade e tradição do artesanato cearense no maior mercado de economia criativa do país
4 de dezembro de 2025 - 16:27 #Artesanato Cearense
Assessoria de Comunicação da SPS
Texto: Daniel França
Fotos: Mariana Parente

Curadoria da Ceart reúne 80 artesãs e artesãos de 32 municípios dentro do MICBR + Ibero-América, fortalecendo renda, identidade cultural e políticas públicas para o setor.
A Feirart 2025 movimenta o Centro Cultural Dragão do Mar até o próximo domingo, 7, como parte do MICBR + Ibero-América, maior mercado público da economia criativa do Brasil. Nesta edição, a Secretaria da Proteção Social, por meio da Ceart, apresenta uma curadoria que reúne 80 artesãs e artesãos de diferentes regiões do Ceará, formando um panorama consistente do fazer manual cearense e reafirmando o estado como referência nacional na preservação, qualificação e valorização de saberes tradicionais.
Ao todo, dez tipologias tradicionais foram contempladas. Representando 32 municípios, o edital recebeu inscrições de artesãos de 52 cidades do estado.

Inserida no MICBR, a Feirart fortalece a integração entre cultura, renda e economia criativa. Para a coordenadora da Ceart, Germana Mourão, a atuação conjunta entre governos e políticas públicas amplia o impacto do setor. “É fundamental entender que somos um governo só e que o artesanato permeia a cultura, o turismo, a economia criativa, o empreendedorismo e até as áreas agrárias”. Ela reforça que essa transversalidade é vital, já que muitos artesãos vivem em regiões distantes e em situação de vulnerabilidade. “O artesão é um empreendedor que preserva a cultura viva dos nossos povos. Somos uma cultura tipicamente artesanal e esse trabalho precisa de apoio político para continuar existindo”.

Entre os expositores, histórias de força e continuidade dão vida aos estandes. A artesã Laurice Maria, de Icapuí, reencontrou a renda de labirinto após a pandemia e encontrou na Ceart um caminho para transformar o que produzia em oportunidade. “Eu cheguei na Ceart com peças prontas e sem saber onde vender. Aprendi sobre medidas, qualidade, curadoria e comecei a receber pedidos. Hoje estou aqui com bandejas, panos, quadros, roupas e bolsas. Estar num evento desse porte renova minha esperança de vendas e novos contatos”.

A artesã Regina Guilhon, de Fortaleza, trabalha com couro desde 2002 e resume seu percurso como um processo de reinvenção e autonomia. “Eu aprendi tudo sozinha. O artesanato me tirou de um momento muito difícil. Construí meu ateliê com as próprias mãos e hoje faço luminárias e peças que crio a partir das ideias que vêm na minha cabeça. Voltar para a Feirart por meio deste edital me faz acreditar que a feira pode voltar a ser tão forte quanto foi lá atrás”. Regina lembra com carinho das edições antigas e afirma que o artesanato foi o que lhe devolveu independência, autoestima e força.

Do distrito da Baleia, em Itapipoca, a rendeira de bilro Lúcia Raimundo Rodrigues carrega quase 40 anos de tradição. Ela lembra que, antes da Ceart, vendia rendas por valores muito baixos para atravessadores. “A gente trabalhava tanto e recebia pouco. Depois que conheci os castelinhos da Ceart, nossa vida mudou. Criamos uma associação, aprendemos sobre consignação, qualidade e mercado. Hoje posso viajar, mostrar a renda para outras pessoas e ver duas mulheres da minha associação crescendo comigo”. Emocionada, Lúcia destaca o impacto do artesanato em sua família. “Foi através desse trabalho que formei minhas filhas e minhas netas. Eu ensino porque não posso deixar essa tradição morrer”.

O público visitante também se encanta com a produção cearense. A brasiliense Ludmila Masarotto, profissional da área de moda, veio pela primeira vez à feira. “Vim para ter um panorama do que está sendo produzido pelas mãos brasileiras. Estou encantada com a renda filé e ainda quero explorar os painéis, showcases e desfiles. Tem muita coisa aqui que representa a alma brasileira”.
Com circulação intensa de visitantes, compradores nacionais e internacionais, curadores e gestores culturais, a Feirart 2025 enfatiza o artesanato como patrimônio vivo do Ceará.