Saúde mental, autocuidado e direitos da mulher marcam programação da CMB para o Dia das Mães

6 de maio de 2022 - 17:32 # # # # # # #

“Nós não podemos mais engolir esse modelo que a sociedade patriarcal desenvolveu para nós, que tentou nos transformar em supermulher e, como subproduto, supermães. Nós somos mulheres com desejos, com sangue, solidão, tristezas, dores, alegrias e sorrisos. E ser mãe é tudo isso”, pontuou a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira (CMB), Daciane Barreto, durante a mesa de abertura da programação da CMB para o Dia das Mães. O evento foi realizado na manhã desta sexta-feira (6), com apresentação cultural, palestra e entrega de kits para mulheres atendidas.

“Estamos em um processo de ressignificação do conceito de ser mãe. Nós estamos aqui desconstruindo essa ideia de que ser mãe é padecer no paraíso, porque antes de ser mãe, nós somos mulheres”, concluiu Daciane.
“Estar aqui hoje é um processo. Eu cheguei aqui cheia de dores e hoje eu sou uma mulher empoderada, feliz, e liberta do ciclo de violência doméstica, como eu costumo dizer”, conta Débora Moura, uma das assistidas pela Casa. “Eu sou mãe de dois filhos, um de 14 e outro 6. É bem difícil realmente tentar ser mil e uma utilidades, e muitas vezes a gente se coloca em segundo, terceiro, último plano. Mas a gente precisa se cuidar em primeiro lugar, porque se você não tiver bem, no seu espaço, não é possível cuidar do outro”, completa.

Norma Zélia, coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres da SPS, citou os equipamentos de enfrentamento à violência contra a mulher no Ceará, com destaque para a Casa e para o Ônibus Lilás, que leva informação e acolhimento para mulheres de todas as regiões do Estado.
“Nós estamos hoje aqui falando de violência psicológica, como isso pode afetar a nossa saúde emocional, psicológica, física”, explicou. “A maternidade é maravilhosa, mas ela também sofre preconceitos. Pela escolha de ter ou não filhos, por pessoas que reduzem sua importância e suas dificuldades. Quero aqui trazer toda essa consciência para o despertar da nossa sororidade”, ressaltou.

A mesa contou com participação da coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Daciane Barreto; da coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres da SPS, Norma Zélia; da coordenadora do setor de Promoção da Autonomia Econômica da CMB, Daniele Cordeiro; da supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem), Jeritza Braga e da coordenadora especial para Políticas Públicas para as Mulheres de Fortaleza, Cristhina Brasil.

Autocuidado

A abertura foi seguida pela palestra “Saúde Mental da Mulher e Autocuidado: a importância de olhar para si mesma”, ministrada pela professora e psicóloga do Núcleo de Atendimento Humanizado às Mulheres em Situação de Violência da Uece (NAH), Lise Mary Soares Souza.

Maryana Sousa chegou na CMB pela primeira vez há quase quatro anos. “Cheguei muito fragilizada. Hoje eu me vejo como uma nova mulher, foi aqui que eu me encontrei e foi aqui que eu aprendi a me tornar essa pessoa que eu sou hoje. Essa mulher empoderada, que tem voz. Eu sou mãe de uma menina de 8 anos, e posso dizer que hoje eu me conheço, sei dos meus direitos, sei o quanto eu sou capaz de ser uma mulher independente e ter a minha autonomia. Minha filha vai crescer com esse exemplo”, conclui.
   
O evento foi encerrado com a entrega de kits de higiene pessoal, para as mulheres assistidas pela Casa da Mulher Brasileira, com o intuito de possibilitar o autocuidado para o grupo.