Noivas de Santo Antônio: Flores artesanais decoram casamento coletivo, em Barbalha
8 de maio de 2024 - 17:18 #Barbalha #CeArt #Festa do Pau da Bandeira #Identidade artesanal #Noivas de Santo Antônio #Oficina de arranjos florais
Assessoria de Comunicação da SPS
Texto: Rafaela Leite
Fotos: Arquivo pessoal
As peças foram produzidas pelas próprias noivas, durante oficinas de arranjos florais, realizadas pela CeArt
As tradições de Santo Antônio acompanham Sabrina Ferreira (36) desde a infância. Nas procissões anuais, realizadas no mês de junho; nas simpatias com chá, feito das lasquinhas do pau da bandeira; no “milagre de encontrar pequenas e grandes coisas”. No próximo mês, Sabrina retorna à tradicional festa de Barbalha com um achado que ela afirma ser benção de Santo Antônio: um grande amor. Ela é uma das 15 noivas selecionadas para o casamento coletivo da festa do padroeiro do município, que acontecerá no dia 9 de junho.
De vestido branco e acompanhada de reisados e bandas cabaçais, a noiva será guiada ao altar. Nas mãos, ela levará o buquê artesanal, que fez durante as oficinas de arranjos florais, promovida pela Secretaria da Proteção Social (SPS), por meio da Central de Artesanato do Ceará (CeArt). “Os buquês estão sendo feitos pelas próprias noivas e acredito que vão muito cheios. Cheios de sentimentos, de expectativas, de energias positivas. E o legal disso é que, além da sustentabilidade, estamos aprendendo a trabalhar com a palha da bananeira e do milho. Aprendemos desde o início, a extrair a folha; e as flores são lindas, tanto para produzir para venda, quanto para dar de presente”, pondera.
Parceria da CeArt e da Escola de Saberes de Barbalha, as oficinas estão acontecendo aos sábados, envolvendo 49 mulheres. Entre elas estão as noivas dessa edição do casamento, bem como suas mães, irmãs, avós e parentes, que vêm aprendendo a técnica de flores vegetais com a fibra da bananeira e a palha do milho, tradicional da região caririense.
Lucas Costa, gerente do programa de desenvolvimento do artesanato (CeArt) no Cariri, explica que a ideia é dar significado ao artesanato local, além de gerar renda para a família que está se formando com o casamento. “Ao escolhermos repassar essa técnica visamos a abundância da matéria no local. Assim, traríamos sustentabilidade para o processo garantindo a continuidade da cadeia produtiva”, frisa.
Ele acrescenta que todas as mulheres passarão por teste de habilidade para se tornarem artesãs e que, no dia do casamento, haverá a cerimônia de entrega das carteirinhas. “Ao habilitarmos elas como artesãs de carteirinha, essas noivas poderão se beneficiar de todos os serviços da CeArt. Participar de feiras, acessar a casa do artesão, se credenciarem e se tornarem fornecedoras do legítimo artesanato cearense para a CeArt”, completa.
A Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio é realizada anualmente na cidade de Barbalha, na região do Cariri cearense, reunindo milhares de pessoas para os festejos do padroeiro no mês de junho. As comemorações iniciam na sexta, 31 de maio, e seguirão até 13 de junho. Além dos buquês, as flores produzidas nas oficinas farão parte da decoração da festividade, ornamentando o andor de Santo Antônio e enfeitando a igreja e os bolos de cada noiva.
Sabrina ressalta a felicidade de ver seu trabalho fazendo parte da cerimônia. Ela subirá ao altar com seu companheiro de vida, Jackson, a quem conhece desde os 5 anos de idade. Devoto de Santo Antônio, ela acredita que a conquista do casamento coletivo foi obra do futuro marido, que rezava ao santo pelo momento.
“Vai ser um dos grandes dias da minha vida. Como mulher, esse casamento de Santo Antônio vai muito além do momento sagrado em si. Ele está despertando em mim outra visão, do que eu posso, até onde eu posso ir como pessoa, como ser humano, porque é um casamento coletivo”, reflete. “E a introdução do artesanato foi algo que eu achei muito bacana, pela questão do empoderamento financeiro para as mulheres. Muitas das noivas não trabalham, então é até uma opção de renda”, completa.
É o caso de Dona Jucy, que atualmente trabalha como doméstica, mas já visualiza projetos com a tipologia artesanal. “Eu quero dar continuidade, sempre estar criando coisas novas. Foi uma coisa muito boa que o projeto trouxe para a gente, para fazermos nosso buquê, ficar com uma arte de lembrança e aprender uma nova profissão”, ressalta. “Estar fazendo meu próprio buquê representa tudo. Todo o meu sonho, que está sendo realizado, sendo construído. E estar mostrando o nosso trabalho é gratificante demais”, completa.
Ela firmará matrimônio com Elionilson, com quem vive há 7 anos. A história de amor começou nas redes sociais, 15 dias depois de uma Festa do padroeiro. “Pedi a Santo Antônio que me desse um marido bom, um marido que pudesse realizar meu sonho”, lembra. O primeiro encontro foi na frente da igreja matriz de Aurora, município do noivo. “A gente sempre teve vontade de casar, mas nunca tivemos condições de pagar um casamento, porque o valor é absurdo, mas no primeiro ano que a gente se inscreveu, já fomos abençoados”, celebra.
O sentimento agora é de ansiedade, mas também de comemoração. “Cada dia que vai se aproximando, a gente vai ficando mais nervosa, mais agradecida e mais confiante porque está chegando o momento de realizar nosso grande sonho”, finaliza.