Oficina destaca importância do trabalho social com povos e comunidades tradicionais na Assistência Social
13 de maio de 2025 - 17:08 #Comunidades Tradicionais #oficina #Povos tradicionais
Assessoria de Comunicação da SPS
Texto: Carolina Parente
Fotos: Mariana Parente
Refletir sobre práticas, fortalecer vínculos com os territórios e garantir o reconhecimento das especificidades culturais de povos originários e comunidades tradicionais são os objetivos da III Oficina Regionalizada sobre o Trabalho Social com Famílias desses grupos, que reuniu, nesta terça-feira (13), profissionais da política de Assistência Social de diversos municípios cearenses, no Hotel Acrópole, em Fortaleza.
O encontro é promovido pela Secretaria da Proteção Social (SPS), em parceria com as secretarias da Igualdade Racial (Seir) e dos Povos Indígenas (Sepince), e segue até esta quarta-feira (14), com debates, oficinas práticas e partilhas de experiências entre técnicos do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e representantes de comunidades indígenas, quilombolas, ciganas, ribeirinhas, entre outras.
Na abertura, o secretário-executivo da Proteção Social, Ecildo Filho, ressaltou que o trabalho com famílias deve considerar a diversidade presente nos territórios. “Estamos na terceira edição dessas oficinas regionalizadas, onde são capacitados profissionais do Suas. É uma forma de integração, um fórum de debate para ampliar as políticas voltadas às famílias tradicionais e aos povos originários, que muitas vezes ainda não são enxergados verdadeiramente pelas políticas públicas”, destacou.
Ele lembrou que o Ceará tem avançado na inclusão dos grupos tradicionais e ressaltou que momentos como esse são essenciais para fortalecer a atuação das equipes. “Essas oficinas trazem essa integração para que a gente cada vez mais capacite nossas equipes e as ações do poder público cheguem a quem ainda é esquecido. Como desdobramento, realizaremos duas caravanas intersetoriais ao longo do ano, levando serviços como Bolsa Família e emissão de documentos a esses territórios”, completou.
A programação do primeiro dia trouxe relatos de mudanças concretas na atuação de equipes técnicas em municípios que participaram de edições anteriores e evidenciou caminhos que ainda precisam ser percorridos para garantir a inclusão e o reconhecimento efetivos desses povos. Entre os exemplos citados por representantes locais, estão o fortalecimento das visitas domiciliares, o reconhecimento dos saberes tradicionais nas ações dos Cras e o respeito às especificidades de cada povo no acompanhamento familiar.
Para a secretária da Igualdade Racial, Zelma Madeira, o fortalecimento dessa abordagem é um passo importante no enfrentamento ao racismo institucional e na valorização das identidades coletivas. Zelma também destacou que o encontro é uma oportunidade para apresentar as desigualdades sociorraciais que afetam, especialmente, a população negra. “É momento de ampliar o olhar, formular planos de trabalho que transformem intenções em ações concretas, com intervenções mais assertivas junto aos povos de terreiro, quilombolas e ciganos, que muitas vezes têm identidades étnico-raciais não reconhecidas e enfrentam vulnerabilidades também econômicas”, completou.
Presente na atividade, o secretário-executivo dos Povos Indígenas do Ceará, Jorge Tabajara, falou sobre a importância da escuta qualificada e do respeito às formas de organização dos povos originários. “Ainda há quem diga que no Ceará não existem mais indígenas. Mas nós nunca deixamos de existir. Houve, sim, um processo de colonização que tentou nos apagar, mas sempre estivemos em nossos territórios, preservando nossa cultura e fazendo a luta”, afirmou.
Ele reforçou que espaços como a oficina são fundamentais para sensibilizar os profissionais da assistência social. “É uma oportunidade de levar a verdadeira história do nosso país a esses técnicos, para que eles atuem com mais respeito às nossas diferenças. A política pública precisa considerar essas especificidades no momento de sua aplicação nos territórios”, concluiu.