Do tatame para a vida: karatecas do Centro Comunitário São Francisco são destaque em competições

23 de maio de 2025 - 11:40 # # #

Assessoria de Comunicação da SPS
Texto:
Carolina Parente
Fotos: Claudio Rocha

Mais que medalhas, o equipamento da SPS forma atletas com histórias de superação, disciplina e esperança. Cada treino, cada competição, é um passo para transformar o presente — e construir um futuro melhor por meio do esporte

No Centro Comunitário São Francisco, equipamento da Secretaria da Proteção Social (SPS), o karatê tem sido mais do que uma prática esportiva — é um caminho de transformação pessoal e social para crianças e adolescentes. É lá que treinam atletas como Fernando Henrique, 12, e Miguel Fiuza, 14, dois dos destaques da equipe que conquistou 21 medalhas na Copa Estadual de Karatê, realizada este mês, em Marco. Dos 26 atletas que representaram o Centro, 21 subiram ao pódio. O resultado coletivo rendeu ao grupo o 3º lugar entre as dez melhores academias do Ceará.

Fernando e Miguel dividem a mesma rotina intensa: de três a quatro horas de treino por dia, de segunda a sexta-feira. O esforço é visível nos resultados. Fernando já soma 15 medalhas e dois troféus de “Melhor do Estado”, com destaque para a vitória na categoria sub-14 de faixa verde a preta da Copa Marco. Começou no karatê em 2022, quando a mãe buscava uma atividade para ajudá-lo a interagir com outras pessoas. “Antes era só casa e escola. O karatê me fez mudar tudo: horário, alimentação, disciplina. Me tornei uma pessoa melhor”, conta. Prematuro, com histórico de saúde delicado, ele superou uma cirurgia recente e voltou a treinar há um ano. Desde então, já conquistou quatro ouros.

Miguel, por sua vez, acumula 18 medalhas e um troféu. Começou no esporte no mesmo ano que Fernando, mas encontrou no novo local de treino, o Centro Comunitário São Francisco, o impulso que faltava. “Onde treinava antes era só três vezes por semana. Aqui é todo dia. Ficou mais puxado, mas aprendi a ter compromisso”, diz. Segundo ele, o karatê trouxe mudanças dentro e fora do dojô. “Antes eu era malcriado, respondia minha mãe. Agora melhorei nos estudos e na convivência com as pessoas. O sensei ensina disciplina”. Com os resultados recentes, Miguel agora mira os Jogos Escolares e o Pan-Americano. “Quero tirar meus pais da dificuldade. O karatê pode me ajudar nisso”, reflete.

Juntos, os atletas do Centro Comunitário São Francisco já somam 193 medalhas conquistadas em nove campeonatos disputados entre janeiro e maio de 2025. São 51 de ouro, 35 de prata e 25 de bronze. Os números refletem o empenho de um time que cresce a cada torneio. Só na Copa das Federações foram oito ouros, cinco pratas e quatro bronzes. No Campeonato Brasileiro, realizado em São Paulo, o centro voltou com dez medalhas, sendo cinco de ouro.

Os planos do grupo seguem ambiciosos. “Nosso foco agora é o Pan-Americano, mas antes temos mais uns quatro campeonatos para disputar”, diz Fernando, que também sonha com o Brasileirão. Miguel, que já venceu a etapa municipal dos Jogos Escolares, agora se prepara para a fase estadual — e, quem sabe, uma vaga na seletiva nacional. No horizonte dos dois, um objetivo em comum: disputar o Mundial da WKF, considerado a ‘Olimpíada’ da modalidade.

Atletas com deficiências ocultas também são destaque

Outros nomes também despontam na equipe. Maria Laura, de apenas 9 anos, começou a praticar karatê em novembro do ano passado e já coleciona quatro medalhas: uma de ouro, duas de prata e uma de bronze. Segundo a mãe, Kassiana Paixão, o esporte tem sido um estímulo importante para a filha crescer com mais confiança.

“Ela começou recentemente e já mostrou potencial nas competições”, destaca Kassiana. Sobre a rotina desde o início do esporte, ela explica que colocou a filha para praticar atividade física com o intuito de ajudar no tratamento do autismo e do TDAH da menina. “No começo, ela tinha muito medo da parte do karatê que envolve luta, e até da troca de faixa, porque achava que precisava lutar para isso”, comenta.

Com o tempo, Maria Laura foi se acostumando ao ambiente. “Eu a inscrevi no primeiro campeonato, que foi de tira-fita, para ela entender como funcionava. Ela gostou e foi perdendo o medo”, conta a mãe. A pequena, que também conseguiu medalha de ouro no campeonato de Marco, ficou muito emocionada com a conquista. “Foi meu primeiro ouro”, ressalta.