“Cada peça é um museu dentro de casa das pessoas”: artesanato cearense ganha destaque com a CeArt na Fenacce

9 de setembro de 2025 - 17:08 # # #

Assessoria de Comunicação da SPS
Texto:
Daniel França
Fotos: Mariana Parente

Entre rendas, fibras de palha que viram luminárias e pedras que carregam anos de história, o Ceará se destaca na 7ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce). Com o tema “A arte que dá o tom”, a abertura aconteceu nesta terça-feira (9), no Centro de Eventos do Ceará, com a presença da vice-governadora e secretária da Proteção Social (SPS), Jade Romero. O evento reúne expositores de todo o Brasil até domingo (14).

Ao todo, são 77 artesãos cearenses distribuídos entre os estandes da CeArt, do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e do Município de Fortaleza. A CeArt, equipamento da Secretaria da Proteção Social (SPS), reúne 66 expositores selecionados no Edital 16/2025, incluindo mestres da cultura, jovens talentos, entidades representativas e artesãs quilombolas. Os selecionados apresentam uma pluralidade de tipologias: renda, fibras, cerâmica, madeira, couro, pedra e outros materiais regionais.

A Fenacce é um espaço de negócios e visibilidade para os artesãos. No primeiro dia, a feira conecta diretamente artesãos e lojistas de todo o País, criando oportunidades de comercialização e troca. Para Ricardo Pedroso, empresário da loja Projeto Terra, em São Paulo, esse contato é estratégico. “O Ceará é um dos estados mais importantes na produção artesanal, com variedade e qualidade únicas. O público valoriza cada vez mais o trabalho manual, exclusivo e com identidade. Eventos como este são fundamentais para expandir esse mercado”.

Além de promover trocas de experiências, a feira revela comunidades que transformam saberes tradicionais em fonte de renda e reconhecimento. Maria de Lourdes, a Malu, de Várzea Alegre, participa da Associação de Integração e Desenvolvimento Sustentável (Adiss), que representa famílias que trabalham com fibra de taboa, coletada na margem do Açude Olho d’Água. “Começamos com apoio do Sebrae e depois da CeArt. Hoje, nossas peças estão em casas de Fortaleza e até de São Paulo. Cada feira é uma oportunidade de mostrar que o que nasce no interior pode ganhar o mundo”, conta.

No Cariri, Carlos Eduardo de Sousa, o Carlinhos, transforma resíduos da pedra Cariri em peças paleontológicas decorativas. Para ele, cada criação é também um gesto de preservação cultural. “Cada peça é um museu dentro da casa das pessoas. A pedra carrega milhões de anos de história, e o meu trabalho é fazer com que essa memória chegue às mãos de quem valoriza o nosso território.”

Política pública como diferencial

A consolidação do artesanato cearense não é obra apenas do talento individual. Por trás da visibilidade conquistada no cenário nacional está a política pública de artesanato, que se tornou referência no Brasil. Germana Mourão, coordenadora da CeArt, explica: “as feiras geram renda e visibilidade, mas o processo começa antes. O Governo mapeia os artesãos, emite a identidade artesanal, certifica os produtos e oferece capacitação. Isso garante qualidade, dignidade e novas oportunidades de comercialização. O Ceará tem a melhor política pública de artesanato do País, e isso se reflete em cada feira”.

Essa política, destaca Germana, tem efeito multiplicador: além de fortalecer o artesão individualmente, promove o município de origem, já que cada peça leva o nome de quem a produziu e da localidade. “O artesão não apenas sustenta sua família, mas também eleva o nome do Estado em nível nacional”, completa.

Durante a abertura do evento, esse compromisso também foi ressaltado pela vice-governadora e secretária da Proteção Social, Jade Romero, que destacou a importância do Governo do Estado junto à Fenacce: “Esta é a 7ª edição e parabenizo todos os envolvidos, em especial os mais de 70 artesãos cearenses que estão aqui, trazendo toda a sua arte, ancestralidade e a força da nossa cultura. Mas, com isso também, gerando novos negócios, novas conexões, novos públicos e mercados para fortalecer a autonomia econômica da nossa população. Hoje temos aqui 77 artesãos apoiados pela CeArt, o Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Fortaleza, junto à Fenacce, e por aqui passarão milhares de pessoas nos próximos dias”.

Na Fenacce 2025, a CeArt também oferece uma série de serviços e ações para o público e para os artesãos: 12 oficinas gratuitas, ministradas por artesãos e artesãs; emissão e renovação da identidade artesanal; curadoria de produtos, com orientação técnica e validação de peças; encontro de Artesãos do Brasil, reunindo artesãos, compradores, designers e representantes do PAB; além da apresentação de 17 novas coleções, desenvolvidas ao longo de 2025 em processos de capacitação, assessoramento e inovação.

Na edição anterior, a CeArt registrou a comercialização de 8.568 peças, com faturamento de R$ 516.175,94 revertido diretamente para os artesãos cearenses.