Zelma Madeira: No dia 13 de Maio teve fim a escravidão no Brasil?

13 de maio de 2019 - 10:04

A escravidão moderna foi um sistema perverso que permitia o tratamento de homens e mulheres negro/as como objetos, propriedades cujo valor se media em moeda. Com o tráfico transatlântico foi identificado quase 36 mil viagens de navios negreiros, com as primeiras levas chegando em 1550 e as últimas na década de 1860. Estima-se que 4,8 milhões de africanos tenham desembarcado no Brasil (SCHWARZ E GOMES: 2018).

A escravidão durou mais de trezentos anos. O Brasil foi um dos últimos países a abolir esse sistema, e o fez no dia 13 de maio de 1888. Dentro da nova institucionalidade com o pós-abolição, o jeito de tratar a população ex-escravizada se reconfigura estruturalmente sob forma de racismo. Foi construído um pacto pela elite para perpetuar uma sociedade desigual e excludente, embora forjada ainda na escravidão, mas com novos contornos no final do século XIX, e que se recria na contemporaneidade.

Podemos afirmar ainda que a liberdade conseguida pela Lei Aurea de 13 de maio de 1888 fosse negra, a igualdade pertencia exclusivamente aos brancos. (SCHWARCZ, 2012: p.24). Assistiu-se um abandono dos libertos a sua própria sorte ou azar, com poucas ou nenhuma oportunidade de trabalho, comprometendo sua sobrevivência material e no plano das mentalidades e práticas deparou-se com o racismo estrutural presentes nas principais instituições que dão direcionamento aos nossos comportamentos como família, escola, mercado de trabalho, a politica, a justiça. (SOUZA, 2017)

Essa data quando resignificada é de grande valia para nós brasileiros, afinal garantir a igualdade racial deve ser o propósito de toda nação democrática e republicana. Baseado nessa concepção, desde a década de 1980, o movimento negro a considera como um dia de luta contra o racismo.

 

Professora Zelma Madeira

Coordenadora Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial