SPS presta assistência a resgatados de trabalho escravo no Maranhão

27 de maio de 2020 - 13:42

Ameaças, intimidações, restrição de liberdade e jornadas exaustivas são algumas das características da chamada escravidão moderna. No Ceará, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) atua no enfrentamento ao trabalho escravo integrando a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae). No último domingo (24), foi preso um homem responsável por conduzir 15 pessoas de Juazeiro do Norte para trabalho análogo à escravidão nas cidades de São Luiz e Itapecuru Mirim, no Estado do Maranhão.

O resgate dos trabalhadores só foi possível porque as redes móveis e os órgãos públicos, tanto do Ceará como do Maranhão, se articularam para garantir proteção, abrigamento e retorno dos trabalhadores as suas cidades. “Nosso trabalho é realizado junto à sociedade civil e nossa atuação é em âmbito nacional. Representamos uma rede que atua conjuntamente em todo Brasil para combater o trabalho escravo”, destaca a presidente da Coetrae-Ce e secretária-executiva de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da SPS, Lia Gomes.

“A escravidão moderna é cíclica, pois sempre existe uma possibilidade de que o trabalhador resgatado possa voltar para a mesma condição. A importância do trabalho que desenvolvemos após o resgate é fundamental na quebra desse ciclo vicioso. Atuamos com ações para promover a inclusão socioeconômica dos resgatados”, explica a secretária.

Após o resgate, os trabalhadores ficaram acolhidos em um hotel, no Maranhão, aguardando os trâmites do seguro-desemprego até o retorno para Juazeiro do Norte, onde estão sendo assistidos pela equipe da Coetrae. Nesse período, a Comissão, por meio do grupo móvel ao trabalhador resgatado, tem realizado visitas e auxiliado os resgatados no retorno a sua vida com dignidade.

“Às vezes eu acordo no meio da noite achando que ainda estou lá, dormindo no chão, bebendo água da torneira, trabalhando sem hora para terminar e quase sem comida”, conta um dos trabalhadores resgatados. E completa: “Eu sinto um alivio agora de saber que vou dormir e acordar na minha casa e agradeço muito ao trabalho da equipe toda que nos acolheu e nos trouxe de volta”.

Para a Coordenadora de Políticas Públicas de Direitos Humanos da SPS, Amanda Gomes, a escravidão moderna é uma realidade. “Nós que atuamos nesta rede de enfrentamento ao trabalho escravo sabemos que o resgate do trabalhador não é suficiente. São necessárias abordagens estratégicas com a rede estadual e local para a reinserção e a quebra do ciclo da escravidão. Daí nossa atuação muito forte também nos municípios cearenses, para pensar quais os melhores fluxos e estratégias para que estes trabalhadores possam ter sua renda própria sem colocarem a própria vida em risco. Outro ponto é a saúde mental deles, contamos com o apoio direto dos equipamentos de assistência social para acompanhá-los nesse processo de readaptação depois de passarem por tantas violações de direitos”, completa a coordenadora.