SPS realiza Roda de conversa e Feirinha de Empreendedorismo no Dragão do Mar

24 de julho de 2019 - 10:58

“Nós existimos e nossa voz tem potência para desestruturar o racismo, machismo e sexismo. Nossa revolução é diária, cada uma de nós é um quilombo de resistência e força. Se estamos aqui ocupando este espaço é porque nossos ancestrais construíram estratégias e nós precisamos seguir traçando planos para nosso empoderamento e autonomia, para ocuparmos todos os espaços que um dia nos foram negados”, ressaltou a Coordenadora Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir), Zelma Madeira, durante roda de conversa realizada pela Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), ontem (28), no Centro Dragão do Mar. Além do debate também teve feirinha de empreendedorismo negro com acessórios e roupas étnicas.

A professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e antropóloga, Vera Rodrigues, presente na discussão, falou sobre o projeto Mulheres Negras Resistem e da importância de dar as mãos e seguir construindo esse movimento de afirmação dos direitos e da identidade negra. “Precisamos romper com esse mito de que no Ceará não tem negros. Esse pensamento é fruto de uma negação da nossa identidade, da nossa estética e de tudo que representa nosso povo. O projeto Mulheres Negras Resistem é uma fagulha que se espalha e vai mudando nossas realidades e das mulheres ao nosso redor”, pontuou Vera.

a negritude é uma coletividade
“Enquanto aluna eu não tive referências próximas, não tive professores negros em que pudesse me espelhar e ver neles também a história que poderia construir para mim. Hoje, enquanto professora da Unilab sei o quanto é importante ocupar este espaço, ser uma referência viva e real para os meus e para outros também. Respeito minha trajetória e sei o quanto foi difícil chegar aqui, e é exatamente por isto que sempre me questiono sobre as nossas lutas, em como estamos ocupando os espaços, como estamos olhando uns para os outros. A negritude é uma coletividade”, expôs a coordenadora da Rede Internacional de Mulheres Africanas e também professora da Unilab, Odila Candé, durante sua fala sobre a importância da representatividade negra.

Patricia Bittencourt está à frente da Rede Kilofé, projeto de economia de negros e negras que nasceu há cinco anos com intuito de fazer circular o trabalho de produtores e artistas negros “É uma disparidade quando pensamos que somos a maioria da população e não conseguimos ainda ter um por cento de tudo que construímos. Precisamos pensar juntos em como mudar essa realidade, como ter um retorno real de tudo que produzimos. Somos uma rede que capacita, discute, transforma e busca o empoderamento do povo negro”, expôs Patrícia durante sua fala na roda de conversa.

Ceppir
A Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial atua na promoção da participação social de negros, indígenas, quilombolas, ciganos, umbandistas e candomblecistas nos espaços de representatividade, como universidades e mercado de trabalho. A Ceppir realiza ações e programações para promover a superação do racismo.

 

Fotos: Drawlio Joca / SPS