Conferência de Políticas para Mulheres: Representatividade e enfrentamento à violência de gênero marcam o primeiro dia

26 de novembro de 2021 - 13:07 # # # #

Assessoria de Comunicação da SPS
Fotos: Sheyla Castelo Branco

“Essa não é uma luta entre mulheres e homens. É uma luta pela efetividade da cidadania”. A declaração, dada pela presidente da Associação de Mulheres de Carreira Jurídica, Ana Paula Araújo, na tarde de quinta-feira (25), marcou a primeira mesa redonda da 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres. No dia em que se lembra a Não Violência contra a Mulher, o tema abriu as discussões para conselheiras de todo o Ceará.

Realizado de forma híbrida (online e presencial), o evento reúne mulheres de todo o Estado, congregando poder público e sociedade civil, para construção do 1º Plano Estadual de Políticas para Mulheres. A tarde foi aberta com a performance da militante e travesti da União de Negras e Negros pela Igualdade (Uninegro), José Honorato Batista Neta, seguida pela declamação do cordel “Lei Maria da Penha”, por Tião Simpatia e Sâmia Abreu.

A primeira mesa redonda contou com a presença da representante do Núcleo Pró Mulher, do Ministério Público do Ceará, Ana Cláudia Torres; da defensora pública, Noêmia Pereira Landim; da diretora do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis da SSPDS, Arlete Silveira; e da presidente da Associação de Mulheres de Carreira Jurídica, Ana Paula Araújo, para discutir o tema “Rede de proteção para garantia de direitos ao enfrentamento à violência de gênero”.

“A rede de proteção é fundamental para que a mulher se fortaleça, busque amparo, e o funcionamento adequado dela, dos entes que a compõem. É de suma importância para todas”, pontua a conselheira do Conselho Cearense dos Direitos da Mulher e mediadora da mesa, Eliene Bezerra.

A defensora pública, Noêmia Pereira Landim, ressalta a necessidade da participação de homens em eventos de políticas para mulheres. “O ideal seria que esses homens participassem, ouvissem. Não basta avançar na legislação trazendo mais leis punitivas, que engrossam o número de presos. Temos que mudar uma cultura estrutural, que está arraigada em todas as nossas instituições”, explicita.

Representatividade
Outro destaque da tarde foi a temática sobre diversidade étnico-racial. O segundo momento contou com uma dança cigana, do Grupo A-Kalon, e com uma apresentação de Toré, realizada por mulheres indígenas da etnia Jenipapo-Kanindé. A apresentação foi precedida por uma fala da líder indígena, Cacique Pequena, primeira cacique mulher de um grupo indígena do País.

O evento foi encerrado com a mesa redonda “Reflexões da participação feminina nos diferentes contextos sociais”, que trouxe perspectivas e ponderações de mulheres de diferentes raças, etnias e religiões. A discussão foi composta pela mulher negra e conselheira do Conselho Cearense de Direitos da Mulher, Ana Cristina Serafim; pela presidente da Associação Afro-brasileira de Cultura Alagba, Evelane Farias; pela mulher cigana, Jucileide Mendes; pela coordenadora do Movimento Outubro Rosa Ceará, Valéria Mendonça; e pela ex-presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Arnete Borges.

“Existem hierarquias de gênero, além das desigualdades de gênero. Isso significa dizer que a grande maioria das mulheres estão em processos de invisibilidade. Ocupar lugares de poder, de fala, de autonomia.. estar em espaços como esse, são construídos historicamente a partir de muitas lutas, de muitas resistências e de muitas vidas”, pondera a conselheira do Conselho Cearense dos Direitos da Mulher, membro da União Nacional LGBT (Unal) e mediadora da mesa, Lucivânia Sousa.

“Existe uma pluralidade de mulheres, uma pluralidade de ser e existir no mundo. Que nós sempre lembremos que somos diversos, e que o mundo sempre será diverso. O que precisamos fazer é continuar construindo pontes, para que a diversidade não continue a morrer, por ela ser, nada mais, nada menos, que humana”, completa.

Encaminhamentos
Com o tema “Garantias e Avanços de Direitos das Mulheres: Democracia, Respeito, Diversidade e Autonomia”, a conferência é promovida pelo Conselho Cearense dos Direitos da Mulher (CCDM), em parceria com a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).

O evento segue nesta sexta-feira (26), com debates temáticos e painéis, transmitidos pelo canal da SPS.